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domingo, 6 de junho de 2010

Não tem volta

Pela primeira vez depois de muito tempo, me deu vontade de querer dar uma sacudida na minha vida! Eu me olhei no espelho e resolvi me ver de verdade. Enxergar meu rosto e perceber quem eu era e principalmente como eu era. E eu vi que eu estava vestindo uma roupa errada. A equivocada era eu!

Quem estava infeliz e de mal com a vida era eu! A Celeida estava mais que certa, estava plena! Plena e usando uma calça jeans tamanho 36! A raiva que eu tinha dela era porque na verdade, ela conseguiu ser verdadeira com ela mesma durante todos esses anos. Ela manteve a natureza dela, o corpo dela, a essência dela. Concretizou seus sonhos e até hoje realiza todos os seus desejos. E ainda por cima consegue ter uma noite inteirinha de sexo! E é sexo com pétalas de rosas na cama. É, a

Celeida vive um dia atrás do outro com alegria. E era isso que me faltava: alegria. E alegria tem tudo a ver com a juventude da alma. Porque ser jovem não depende da idade! E isso não é chavão. A prova viva é a Celeida! Ela é jovem! Toda fake, mas é jovem! Jovem por dentro. E é isso que me irrita nela! Porque eu também era assim. Quer dizer, lá no fundo de mim, eu ainda sou assim, eu ainda quero muito ser assim.

É difícil ser desse jeito quando a gente percebe que os nossos peitos despencaram, eu sei disso. Quando a gente percebe que a nossa pele tá meio áspera, que os cabelos ficam brancos demais, que aparecem manchas pelo nosso corpo... Quando a gente percebe que o tempo passou... e principalmente que o tempo não volta mesmo. Não tem volta! Não tem volta, mas ainda tem muita ida! Muito chão pela frente. Muita caminhada.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

A irmã do Hulk

Como estava falando na postagem anterior, fiquei choquita com o que Camila havia me dito: "quando crescer quero ser que nem a Celeida"! Fiquei furiosa e disse pra ela que eu duvidava do fato dela ter saído de dentro de mim e ainda completei:

– Quem tem uma filha assim, não precisa jamais ter uma inimiga! Quê que é isso?

CAMILA – Eu, hein, mãe! Credo!

REGINA – É isso mesmo! Ficar falando que a Celeida é linda, que tem um corpão e que quer ser que nem ela? Você ultrapassou todos os limites da relação mãe e filha, minha filha!

CAMILA – Mas eu só elogiei a sua amiga! Você vive dizendo que eu não gosto das suas amigas, que eu não converso com elas... eu não te entendo, viu! Parece louca!

REGINA – Em primeiro lugar, a Celeida não é minha amiga. Ela FOI minha amiga! Foi do verbo não VAI SER NUNCA MAIS! Em segundo lugar, sua bobona, sabe porque que você gostou dela, porque ela tem uma idade mental que nem a sua: 12 anos! Agora imagina: usar o mesmo modelo de calça jeans, que você uma menina de 12 anos usa! Onde é que nós estamos?

CAMILA – Pelo menos, usando essas roupas e tendo essa mentalidade, ela não fica velha! Você deveria colar nela! Ontem!


Bem aí, a mosntra do pântano tomou conta da minha pessoa! Senti a minha transformação. Sim, naquele momento, eu era a irmã do Hulk! Rosnei: – Camila, Camila! Olha só como você fala comigo! Você tá pedindo um castigo.... mas um castigo... olha, eu nem sei o que eu vou fazer com você!

CAMILA – Ô mãe... eu não te entendo! Você me apresentou pra ela como sua amiga de infância...

REGINA – Adolescência! Infância não! Eu não poderia ser amiguinha dela na infância, porque ela é 3 anos quase 4 mais velha que eu!

CAMILA – Mas não parece!


Agora, eu já não era mais a irmã do Hulk, era a madrasta enfurecida dele! Olhei fundo nos olhos dela, com ódio do mundo, do tempo, de mim e rosnei mais uma vez: – Camila...

CAMILA – Mas não parece mesmo! Vou fazer o quê?

REGINA – Calar a boca! Minha filha, presta atenção: tem coisas que a gente não diz! Mesmo que seja pra mãe da gente.

CAMILA – Desculpa.

REGINA – Tudo bem.

CAMILA – Mas posso te perguntar uma coisa?

REGINA – Lá vem bomba! Pergunta, vai.

CAMILA – Porque você odeia tanto ela?

REGINA – Não odeio ela! Só acho que ela é uma equivocada! Uma mulher de 46 anos que...

CAMILA – Ô mãe, você fala como se ela fosse uma velha! E o pior como se você fosse uma velha também!

REGINA – Camila, presta atenção: nem eu, nem ela – aliás, muito mais ela, que eu – somos jovens mais não!

CAMILA – Pois eu acho que você ta exagerando sabia! E tem mais: acho que você ta falando tudo isso dela, porque na verdade você queria estar que nem ela está: com tudo em cima e poder usar uma calça igual a minha!

REGINA – Pode até ser...


Não sei porque eu disse isso! E logo pra minha filha! Me fragilizei! Agora, ela vai pegar no meu pé! Não vai mais me dar um segundo de sossego!

CAMILA – Mãe, amanhã mesmo a gente vai mudar tudo! Você vai voltar a ser linda! Porque você é linda! Você só está... jogada...

REGINA – Jogada? Mas, jogada aonde?

CAMILA – Sei lá... jogada... Não tem aquela expressão... jogada... como é mesmo...?

REGINA – Jogada às traças! É isso que você tá querendo dizer?

CAMILA – É, é isso mesmo... mas a gente vai fazer com você a mesma coisa que você fez com o sofá lá da sala, mãe! Ele estava jogado as traças e você mandou trocar o estofamento, o tecido... Agora ele tá novinho!

Eu acho que ela tava querendo me agradar... Na hora eu fiquei péssima! Me senti pior que o tal sofá da sala que realmente estava jogado às traças! Mas, sei lá... a minha filha, sem saber, acordou alguma coisa dentro de mim...

Pela primeira vez depois de muito tempo, me deu vontade de querer dar uma sacudida na minha vida! Será que vou dar conta?

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Quando detonam o nosso vulcão interior

E numa dessas idas ao shopping com a Camila, eu dei de cara com quem? Celeida! Ela estava comprando uma calça exatamente igual a da Camila e pasme: do mesmo número! Eu fiquei sem chão, sem ação, sem palavras... sem nada.

E o pior não foi isso, não. O pior, foi que a Celeida, produziu a Camila dos pés a cabeça. Mostrou a blusa e a bota que ela deveria usar com a tal calça! E disse até o tipo de calcinha que ela deveria por pra não marcar na calça, é mole? Eu paguei aquela produção toda, porque não poderia ser a corta-onda da minha filha na cara da Celeida. Fingi que era tudo muito normal, que eu tinha adorado encontrar com ela ali e que tinha amado a produção que ela fez na minha filha. Saímos da tal loja e fomos tomar um café. De repente a minha filha sorri e diz:

– Mamãe, essa sua amiga é o máximo!

- Quem? A Celeida?

- É! Ela é bonita! Corpão! - ela completou com um sorrisinho idiotinha no rosto.

– Você acha?

E finalizou, me apunhalando pela frente mesmo: – Eu acho. Quando eu crescer, eu quero ser que nem ela!

Tão vendo o motivo de eu não conseguir mais manter a minha serenidade, o meu equilíbrio? Depois de ouvir uma bomba dessas, o meu eixo de harmonia vai pras “cucuias”! Eu abro um canal na minha persona e entro em contato com... com o quê, meu Deus? Como posso descrever esse meu lado...? Com a monstra que existe dentro de mim! Aí, eu falo o que me vem na cabeça, não tô nem aí! Olhei pra minha filha mais furiosa que um vulcão em erupção e disse:


Você realmente não deve ter saído de mim não!

sábado, 8 de maio de 2010

Criei um mosntrinho!!!

Camila cresceu e hoje tem 12 anos de idade. Idade "de-liciosa"! Pra não dizer o contrário. Tudo é um drama! Tudo é enorme! Haja psicologia! Eu olho pra ela e penso: meu Deus, será que eu era assim?

Às vezes eu acho que existe um muro entre eu e a minha filha. Eu não alcanço ela, o pensamento dela, os sentimentos dela, a essência dela. Me dá um medo! Eu fico me perguntando: será que eu vou dar conta? O engraçado é que essa pergunta me acompanha desde o dia que ela nasceu. Eu via aquele bebê lindo no meu colo dormindo... era uma paz incrível... e eu me perguntava: será que eu vou dar conta?

Eu tento conversar com ela, mas a gente fala dois idiomas completamente diferentes. Eu queria muito poder passar pra ela um pouco da minha experiência, mas parece que ela faz questão de me mostrar, que isso não interessa em nada pra ela.

É como se eu fosse a pior mulher do mundo! Aquela que não sabe, não entende, não compreende nada. Não sei como isso foi acontecer... Éramos tão amigas... tão chameguentas uma com a outra...

Quando ela era pequenininha, ela me olhava como se eu fosse a mulher mais linda do mundo! Eu era a rainha dela! O tudo dela! Ela amava ficar no meu colo, com a cabeça bem em cima dos meus peitos... ela dizia: “mamãe, os seus peitos são só meus! Não são do papai!” - Bom, isso foi antes deles caírem!

Hoje, ela nem me olha direito! Eu chamo ela pra sair, sei lá, pra ir no shopping fazer umas compras e ela diz: “ir pro shopping com você? Nem pensar! Maior mico, né, mãe!”

As pessoas falam pra mim, que isso é normal, que é fase, que é a adolescência! Ô fase chata, viu! Mas, o engraçado é que essa fase de repente desaparece! É, desaparece por encanto, quando ela quer muito comprar uma calça jeans que custa uma baba! Aí, ela vem pro meu lado, toda carinhosa... Interesseira! Criei um monstro!

E numa dessas idas ao shopping com a Camila, eu dei de cara com quem? Celeida! Ela estava comprando uma calça exatamente igual a da Camila e pasme: do mesmo número!

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Depoimento de Regina Antónia: quando temos vontade de mandar a sogra para aquele lugar...

Quando meu primeiro filho nasceu, a primeira coisa que eu fiz foi ver se o pé dele era parecido com o meu. Sim, porque o meu pé é triste! Graças a Deus, ele tem o pé do pai. Não só o pé, ele também tem as orelhas do pai, as mãos do pai, a testa do pai... é, a testa é igualzinha a do pai!

Quando a Camila nasceu, eu fiz a mesma coisa. Fui lá verificar a bichinha! E adivinha? Nada dela se parecia com nada meu. Meu marido diz que eu não tenho DNA. Ele fala pra todo mundo que eu fui abduzida.

Isso só porque todo mundo sempre diz que a Camilinha e o Carlos Eduardo são a cara dele! E o pior que são mesmo. Quanto mais o tempo passa, mais eles ficam "a cara" do nojento do Antônio Adolfo! Eu? Eu nem ligo! Você acha que eu vou me aborrecer com isso? Eu não! Não dou a mínima! Mas que é uma sacanagem, isso é! A pessoa carrega nove meses uma criança dentro da barriga... são nove meses por gestação, como eu tive duas, fiquei 18 meses grávida, 18 meses parecendo uma van lotada, pra ter que aturar isso: duas criaturas que são praticamente dois chaveirinhos do pai. Sabe aquelas miniaturinhas que são vendidas nos pontos turísticos da cidade? Lembrancinhas do tipo “eu estive aqui”? Então: este são meus filhos! Só que os dizeres são outros: “apesar de não parecer, eu estive dentro dela”!

E os comentários? “Regina, não leva a mal, não, viu meu bem, mas seus filhos são o pai escrito!” A minha própria manicure, a pessoa que faz as minhas unhas a não sei quanto tempo, conheceu meu marido outro dia e disse pra ele: “Agora eu entendi com quem a sua menina parece! Juro que eu pensei que a Regina Antônia tivesse adotado aquela criança!”

O Antônio Adolfo quase explodiu! Sim, porque pra ele é uma glória ter dois filhos que são a cara dele! Ele olha pra mim com uma cara de “viu, como eu sou poderoso? Tá vendo, como você realmente foi abduzida?”

E a minha sogra? Todos os dias que eu tô com a Camilinha e me encontro com ela, escuto: “Essa menina tinha que se chamar Antônia Adolfa, isso sim! Olha isso, Regina: essa menina é a cara e a bunda do pai! Essas coxas grossas, ela puxou dele!”

E eu caí na besteira de retrucar: “Mas, minha sogra, eu também tenho coxas grossas...”

E ela acabando com qualquer possibilidade de argumentação: “mas as da minha neta são iguais às meu filho: lindas, bem torneadas e as da minha neta não são em X como as suas!”
E o bombardeio não parou por aí, não! Ela continuou firme e forte! “Regina, essa menina não tem nada seu! Vai ver nem a ptchuna ela puxou de você!”

Eu fiquei com aquela cara de muxoxo verde e ela percebendo o estrago que fez, quis fazer mais: -"Falar nisso, Regina, porque você não faz umas aulinhas de glúteos com a minha personal trainner? Como tempo esse seus culotes vão cair, viu! Vai por mim! Ainda bem que a minha neta não tem tendência pra ter culote! Credo, não gosto nem de pensar! Já pensou se ela tivesse herdado isso de você? Som, porque na minha família, ninguém tem isso não!"

Alguém tem uma metralhadora aí? Eu ia mandar aquela barata velha em forma de sogra pra... pra bem longe, mas na hora, a tia avó do meu marido, uma senhora de quase 90 anos falou: “Regina, minha filha, qual foi a sua participação na feitura dessas crianças? Você tem certeza que elas saíram de dentro de você?”

Eu olhei pra cara daquela senhora, com aquele sorrisinho todo enrugadinho e pensei “Regina, transcende! Ela não tem culpa de você não ter tido DNA e muito menos de ter sido abduzida...”

sexta-feira, 9 de abril de 2010

KÊNIA DIZ: “CUIDADO COM O SUTIAN!”

Surtei de novo!

Descobri que além do meu braço ter despencado, outra coisa em mim vem desabando: aquela gordurazinha insuportável que fica debaixo da axila, seguindo em direção às costas e que acaba virando a dobrinha do sutian! Localizaram? Uma praga!

Mostrei pro meu marido, o Alex, e ele, zen como ele só, disse: “tudo bem, meu amor! Faz parte da vida! Eu te amo mesmo assim”!

Pode? Não pode!

Não, gente, ninguém merece um marido assim, tão espiritualizado! Eu queria que ele ficasse revoltado, assim como eu estou revoltada! Que ele falasse: “vai puxar um ferro, minha filha!” Mas, não, ele aceita! Que ódio!

O Alex apadrinhou uma criança Tibetana? Ele paga 30 dólares por mês, pra essa criança ter o que comer, o que vestir....

Que máximo? Como assim? É o máximo apadrinhar uma criança dessas? E eu me pergunto pra quê? Essa criança nem sabe que o Alex existe! Ele diz que é amor ao próximo! Pois, eu duvido muito desse amor que as pessoas dizem que sentem pelo próximo!

“Kenia, você está muito revoltada”! – disse um amiga despencadérrima.

Tô. Tô revoltadíssima! Eu só queria ter uma vida normal, uma casa normal, um marido normal. Eu falo com as minhas amigas, e todas dizem que o marido não conversa com elas, que só pensam no trabalho... Quem me dera! O Alex é o oposto disso! Ele chega em casa e fica do meu lado o tempo todo. Me segue pela casa. Quer saber como foi o meu dia, quer falar do dia dele pra mim, fica me pegando, me melando, dando beijinhos na minha mão... eu não suporto esse grude todo!

E a minha amiga, a “despencada mór”, continua:
-“Eu não tô acreditando nisso que você está me dizendo! Você está casada há quatorze anos, né isso? E o seu marido continua apaixonado por você e você reclama? Como assim?”

Reclamo! Ele é muito delicado! Muito generoso! Antenado, engajado! Se ele vê a “farra do boi” pela televisão, ele fica desorientado e começa a fazer um movimento contra aquela violência toda! Liga pra Deus e o mundo! Se movimenta, faz abaixo assinado... uma coisa! Pois eu caguei pro boi! Que se foda o boi!! O boi, a vaca, o porco!

Mês passado, o Alex foi pra Brasília, por conta da meia entrada no teatro! Pode? Ele nem é ator! Foi lá e se meteu no assunto! Quando ele volta pra casa, me traz flor! Eu não tenho mais onde por tanta flor, tanta planta! Joguei tudo pela janela também!

Mas a culpa não é minha, a culpa é da porra do meu sutian!

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Depoimento de Kênia

Eu surtei!

Todo mundo sempre diz que eu sou “uma mulher maravilhosa, equilibradíssima... Como assim, você surtou”?

É o seguinte: eu fui, mas hoje não sou mais! Eu não sou mais equilibradíssima! Muito menos maravilhosa! Eu sou o cão, isso sim! Ninguém sabe da missa a metade! É que eu disfarçava muito bem o meu lado B! B de besta, de Bagaceira, de Baixa mesmo! Agora, eu estou libertando ele!

Hoje eu acordei do avesso! Foi! E sabe por quê? Constatei que o meu braço despencou! Mais precisamente o tríceps! Agora só posso dar tchau com a mãozinha! Quê que adianta ser legal com o mundo, se o cosmos não é legal comigo? POIS AGORA EU NÃO SEREI MAIS LEGAL COM ELE!

Sou péssima, sou! Eu sou menos que zero!

E o pior não é isso não! O pior é que sou casada com o Alex,uma pessoa zen! E eu não sou nenhum pouco zen. Quero discutir, botar pra quebrar, falar desaforos, mas nem eu, nem ninguém nesse maldito mundo consegue discutir com o Alex! Nunca! Ele é zen! Não levanta a voz, não fica nervoso! É a calma em pessoa! Um porre!


Agora, ele e o povo do meu prédio cismaram que eu tenho que ser sub-síndica, é mole? O Alex, aquele monge em forma de marido, aceitou. Agora ele é o síndico do prédio e eu a sub - síndica! Eu lá tenho cara de sub–síndica? Eu, não! Aí, vou passar pelo play do prédio e os adolescentes vaão dizer: - "Lá vai a sub-síndica com os seus braços despencados!" Não, me recuso a passar por isso!

E aí, ontem, eu estava em casa, naquela monotonia de vida, naquela minha morbidez diária, fui tomar um banho, pra mudar de assunto. De repente, me olhei no espelho e AAAAAHHHHHH!!!!! Gritei assustadíssima! Uma pelanca do tamanho do mundo estava pendurada nos meus braços! Quebrei o banheiro! Quebrei a casa! Sempre quis fazer isso. Passei a mão em cima dos móveis e fui jogando tudo no chão. Tudo bem es/pa/ti/fa/di/nho no chão: vazo de planta, porta retrato, bolas de vidro... Foi!

Quebrei também o meu pacto de boa pessoa com o universo! Não sou mais boazinha com as pessoas nem com o mundo. Não sou mais aquela pessoa meiga, serena, sensata! Agora, eu estou detestando organização! E tem mais uma coisa, que tá entalada aqui e vou dizer em alto e bom som: não tô nem aí pro destino do planeta, não suporto essa gente do Greenpeace que fica abraçando árvore. Ô gente chata! Até porque, se eu tiver que abraçar árvore, meu braço pelancudo vai ficar em evidência. E eu me recuso a mostrar ele pro mundo! Não apago a luz da minha casa pra fazer campanha de porra nenhuma! Não divido o lixo em papel, plástico e vidro. Jogo tudo no mesmo saco. O universo foi mexer comigo, então ele que agüente! Agora, eu sou o cão!

domingo, 4 de abril de 2010

Tesão de Vaca

Eu não posso voltar a ser amiga da Celeida! Não posso! Meu carma com ela, eu já queimei. Que coisa. Era só o que me faltava: andar por aí ao lado de uma mulher toda sarada, definida, dura, que pode dar tchau sem pena! Eu, hein! Mulher que não tem uma celulite no corpo! Toda mulher normal tem celulite! Pessoa estranha: não tem uma ruga! Não tem ruga mas deve ter "trocentos" mililitros de botox. A pele parece um mármore: lisinha, sem uma mancha! E eu, praticamente um dálmata! Não, eu não posso me irmanar com uma mulher assim. Mas parece praga, viu! É a quarta vez que eu me encontro com ela em menos de um mês! E é sempre assim: de emboscada! É no supermercado, na farmácia, na fila do banco e ontem, na vídeo locadora. Quer dizer, não dá nem tempo de passar um batonzinho, pra dar uma vida na cara, ou de passar um corretivo, pra despistar a insônia. Não, eu tenho sempre que me encontrar com ela, de cara lavada! Foda viu!

E ela sempre feliz, sorrindo como se fosse a Débora Seco: - Regina, não acredito! De novo! Parece até que a vida tá querendo que a gente volte a ser amigas como antes!

A vida pode até estar querendo isso, fofa, mas eu não. Nunca! Nem pensar! Não, gente, presta atenção: ela é cheia de alegria, assim, logo de manhã! E o ar saudável, de quem acabou de tomar um suco natural e caminhar uns dez quilômetros! Não suporto isso! Não suporto gente saudável! Não suporto gente que fica alegre de manhã! Mas, eu transcendi essa parte, porque sou uma pessoa chique, abri o sorriso número 15, e disse com cara de exclamação: “Não é, menina!? É inacreditável mesmo!”

Foi aí que ela soltou a pérola: - E como foi a festinha dos 43?

"Um horror, né, Celeida!" Respondi sem pensar. Não sei porque eu disse isso! Eu devia ter dito: "foi ma/ravilhosa!" Mas não. Entreguei de bandeja pra jararaca que o meu aniversário de 43 anos foi um cú! Ela deve achar que eu sou uma mulher amarga, infeliz, mal amada! Ai, gente será que tá assim, tão escancarado? Precisava concertar isso... Então falei, tentando ser bem natural: - "Quer dizer, também não foi assim... É que na verdade, eu queria ter ficado sozinha com meu marido, sabe como é, né... Mas, meus filhos fizeram uma festinha surpresa pra mim..." Mentira! Nunca ninguém fez uma festa surpresa pra mim! Inclusive essa é uma frustração enorme que eu tenho dentro de mim! E continuei: - Aí, aquela coisa, né: família, os amigos mais chegados...

E ela, muito cara-de-pau, suspirou e falou com uma voz de quem estava nas núvens: - Pois a minha foi ma/ravilhosa!

Ai, que nojenta!

E continuou: - "Meu marido organizou um luau na praia pra mim, com muitas frutas, muitas flores, muita gente bonita! Eu já te disse que ele é quinze anos mais novo que eu, né? Então... animadíssimo!"

Vou matar ela! Se ela falar pra mim, que depois da festinha na praia, ela foi pra casa e trepou até de manhã com o raio do marido dela que é 15 anos mais novo que ela e que como ele é super animado, a transa foi ma/ravilhosa, eu juro que pego a caixa registradora que está bem aqui, ao alcance da minha mão e registro um estrago na cara dela.

E ela não parava de joga na minha cara a sua felicidade conjugal: - "Chegamos em casa e claro, fomos pro quarto! Menina, meu marido fez um caminho repleto de flores até a cama. Não, e a cama? A minha cama tava lotada de pétalas de rosas vermelhas, uma loucura! Aí ele preparou uma bandeja de champagne e morangos... olha... foi um luxo! Transamos muito e não foi até de manhã, não! Foi até a noite do dia seguinte!"

Nossa, hein! Que tudo! - eu disse tentando mostrar uma falsa alegria por tudo aquilo. Mas, gente, ela deve tá exagerando, né! Quê que é isso! O marido dela pode até dar conta desse recado todo, mas ela? Ela tem 46 anos! Não tem mais idade pra ficar fazendo essa performance toda, não! Porque a fachada, ela até pode concertar, mas e o joelho? O joelho não agüenta não!! Só se ela tiver tomando aquele troço, como é que chama....? "Tesão de vaca"! Aí tudo bem! Aí, eu acredito! Aí, foda-se o joelho, né! É a cara dela tomar "tesão de vaca"! Essa daí é baixa, viu! Só não é anã, porque Deus não quis!

E aí, finalisou: - "Olha, Regina, esse meu aniversário vai ficar guardado na memória! Se bem que todos ficaram! Tem que celebrar a vida! O amor! Ah, Regina, a gente podia se ver mais! Queria conhecer o seu marido...

Mas nem pensar! Só se eu fosse louca! Ela dava em cima de todos os meus namorados! Sempre foi uma vadia! Varejeira! E como ela sempre foi gostosa, os homens babavam por ela! Inclusive os meus. Agora, você acha que eu vou levar essa mulher perfeita pra conhecer meu marido? Nunca! Ainda mais sabendo que ela consegue varar o dia trepando! Mas eu tive que transcender essa parte, porque eu sou uma pessoa calma, chique, madura. Falei: - "lógico, querida! Assim que a gente tiver uma oportunidade..."

E ela, rapidamente: - Oportunidade a gente cria, né, querida! Que tal um jantarzinho na minha casa... é... na sexta feira?

- "Pode ser. Sexta-feira é um dia que a gente não faz nada!" Não sei porque eu disse isso! Essa minha língua é foda! Maior que a boca! Agora, a jararaca vai saber que toda sexta feira, a minha programação é zero. Eu fico em casa vendo Globo Repórter! E o pior, eu acabei dizendo “sim” pro tal jantarzinho na casa dela! Essa parte eu não podia transcender de jeito nenhum! - "Ih, menina! Lembrei de uma coisa: nessa sexta eu tenho um casamento pra ir, acredita? Que tal na próxima?"

Maravilha! Me dá seu telefone, que eu te ligo! - disse ela pegando um celular último tipo, ou seja, até o celular dela é modernérrimo! O meu.... bem, o meu eu vou trocar agora! E ela, graças a Deus foi embora e eu devorei uma barra inteira de diamante negro!

Bem, se ela ligar, eu só vou ter duas semanas pra ficar menos caída! Vou fazer uma dieta de líquidos, caminhar uma hora por dia, fazer 2 horas de musculação, pintar os cabelos, fazer uma limpeza de pele, clarear os dentes, comprar uma roupa nova e sumir, porque eu não vou conseguir fazer nada disso! Só de pensar, eu já tenho vontade de comer uma caixa de bis! Não, ser amiga de uma mulher gostosa e de bem com a vida, na minha idade, é uma roubada, viu! Dá muito trabalho. Não, eu não mereço isso! A Celeida não vai mais fazer parte da minha vida! Chega! Agora, que eu vou saber onde é que ela compra o tal tesão de vaca eu vou saber! Sim porque se ela com essa idade tá podendo tomar, eu também vou tomar! Ah, vou! Aí, a gente vai ver qual é a vaca que não vai pro brejo!

Reencontrar "aquela" amiga de infância é uma roubada

Celeida está linda e sarada! Mas também, deve ser muito fácil pra ela! Aposto que a vida dela, deve ser uma vida de nababo! Ela não deve ter cuidar de casa, não deve ter filho, não deve ter que trabalhar e se tiver um marido, deve ser um velho ricaço, que deve dar de um tudo pra ela. Mas, eu vou transcender essa parte. Vou transcender, mas vou justificar, porque afinal de contas, se eu levasse a vida dela, eu estaria linda! Então, eu disse para ela:

- Comigo está tudo ótimo! Estou meio cansada, né! Sim porque com essa vida que eu levo: dou aula de inglês o dia todo, não tenho empregada e depois de ter tido dois filhos...

E ela reage me informando com aquele sorriso bramquíssimo que ela tem na cara: – Tive quatro!

O quê? Quatro filhos? Você? Você teve quatro filhos? - Confesso que levei um tapa muito bem dado na cara. Como assim quatro filhos com aquele corpinho "tenho vinte anos, estou na flor da idade"? Hein? Tudo isso na véspera do meu aniversário de 43 anos. Pode? Não, não pode!

E ela continuou sorrindo, feliz, bem mãe: – Tive! E a mais nova tá com dois anos! Então, amiga, eu adoraria ficar batendo papo com você, mas eu vim rapidinho comprar uma carninha para as crianças e os ingredientes da minha saladinha básica, pra eu me manter em forma. Sabe como é, né, minha filha, segundo casamento e ainda fui inventar de me casar com um homem quinze anos mais novo... Bom, Regina, amei te ver! Se cuida, viu! Beijos... E Parabéns pelos 43! (SAI)

Vem cá: alguém tem uma faca, canivete ou algum instrumento cortante aí? Não é que eu queria cortar os meus pulsos...

sábado, 3 de abril de 2010

Depoimento de Regina Antônia


Amanhã, eu faço quarenta e três anos. Quarenta e três! Já tô me distanciando dos 40! Quando for arredondar, não vai dar mais pra dizer 40. Ah, é, minha filha, Pros 45 é um pulo! Pros 50, mais um pulinho só! E tem mais: não adianta me dizer que não existe crise dos 40, não, porque existe sim. Eu estou nela. Bem no meio dela. No olho. Menina, tudo muda! E de repente! Assim, ó: de estalo! Num já! O peito da gente cai do dia pra noite. Alguém informou a eles: “ó amanhã, a vaca faz quarenta e três anos, hein! E aí, não vai acontecer nada?”! Então, eles respondem? “- 43, é? Jura? Então é amanhã mesmo que a gente cai”! E despencam! É um boicote! Nada te ajuda!


Sabe aquele teste de colocar um lápis debaixo do peito pra ver se ele tá caído? É menina, se o peito segura o lápis, é porque o grau de caimento tá perigoso? Então, meu peito já tá segurando um estojo inteiro de lápis! Daqui a pouco o apontador e a borracha também vão poder ficar ali a vontade, que o meu peito vai tá pegando. É, eu vou ter quatro mãos ao invés de duas. Vai ser bom pra tirar a mesa, né... coloco um pires debaixo de cada peito e foi! Vou fazer tudo mais rápido! Pelo menos isso!


Pior não é isso não! O pior é quando a pessoa vai fazer 43 anos e na véspera, ou seja um dia antes da data fatídica, ela vai fazer supermercado. E tá assim: vestida “de sei lá”, bem nem aí pra nada! De repente, do nada, encontra com aquela amiga da adolescência, que pegava todos os gatinhos que você queria pegar, que era uns 3 anos mais velha, mas que parecia 5 anos mais nova, aquela que sempre foi a gostosona, a boazuda da turma, e constata que ela ainda continua super gostosona, super boazuda e que parece ter 20 anos a menos que você! E detalhe, ela está usando uma roupa nem aí pra nada também. Só que no caso dela, o figurino é um micro shortinho e uma camisetinha de alcinha, praticamente tudo aquilo que só ela, na idade dela pode usar. Esse encontro de emboscada, na véspera do meu aniversário de 43 anos, era uma provocação! Era um motim. Alguém lá em cima tava de sacanagem comigo!


Olha, pra mim, ter encontrado com a Celeida, sim porque alguém tem que se chamar Celeida, né! Então, pra mim esse happining, foi o último grito! Ah, foi! O grito? Era mais ou menos esse: “Agora, fudeu, minha filha, não tem mais jeito não! Uma vez despencada, para sempre despencada!”